Enquanto integrantes do MTST ocupavam a calçada e parte da rua em frente à Câmara Municipal de São Paulo, dez coordenadores do movimento tiveram uma audiência com o governador do Estado, Geraldo Alckmin, no início da noite desta terça-feira (24).
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De acordo com Josué Rocha, um dos presentes na reunião, o grupo apresentou uma série de reivindicações ligadas às áreas de moradia, transporte, segurança pública e abastecimento de água. No entanto, apesar da avaliação positiva do militante, houve pouco de avanços concretos nas conversas, que duraram cerca de 1h30 - entre 18h e 19h30.
O coordenador afirmou ao iG que ficou acertada a criação de uma comissão estadual para evitar despejos forçados, citou a possibilidade de aumento de verbas no programa de habitação Casa Paulista, além de um aporte do governo para permitir a construção de mais moradias para o Minha Casa Minha Vida, do governo federal.
Mas a assessoria de comunicação do Estado, que confirmou o encontro, disse ter ocorrido certa distorção em relação ao discurso das lideranças do movimento. Por exemplo, em relação à comissão para evitar despejos forçados, afirmou que tal organização já funciona, apesar de não formalizada, reivindicação do MTST - que sugeriu o nome de Comissão Intersecretarial para Intermediação de Conflitos.
A assessoria ainda disse que a verba da Casa Paulista foi apenas apresentada mas ainda deve ser amplamente discutida e que o aporte para construções do programa de moradia popular Minha Casa Minha Vida depende de conversas com o governo federal.
Veja fotos do protesto desta terça-feira do MTST:
Integrantes do MTST se reúnem para protesto em frente à Câmara Municipal de São Paulo, nesta terça-feira (24). Foto: Ana Flávia Oliveira/ iG São Paulo
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Na área de segurança, o MTST afirmou que Alckmin sinalizou com uma posição de que é possível substituir o crachá numérico e voltar a identificar policiais militares com seus nomes durante o trabalho. Entretanto, a assessoria do governo disse que isso só será possível após uma reunião do chefe do executivo paulista com o secretário de segurança pública do Estado, Fernando Grella, a fim de compreender o motivo para a mudança e a existência de uma viabilidade para retomar o modelo anterior.
Rocha também disse que os representantes do movimento terão uma reunião com o Metrô, a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo) e a Secretaria de Transportes para discutir melhoras relacionadas ao transporte público, além de levar à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) casos de populações atualmente enfrentando falta d´água e/ou recebendo água de má qualidade em suas casas. A assessoria afirmou que, durante a audiência, Alckmin telefonou à presidente da empresa, Dilma Pena, que teria pedido detalhamento sobre os locais onde esses casos têm ocorrido, o que não foi informado pelos coordenadores.
"Conseguimos alguns avanços. Claro que tínhamos pautas mais amplas e não tivemos respostas positivas para todas. Mas em muitas a posição do governador nos agradou", avaliou Rocha após a audiência.
Ocupando o centro
Desde o início da tarde desta terça, cerca de mil integrantes do MTST, segundo balanço da PM, se concentraram em frente à Câmara Municipal de São Paulo para pressionar vereadores a aprovarem o Plano Diretor, que estabelece as diretrizes para o planejamento urbanístico da cidade nos próximos anos.
Além da votação imediata do texto, com todas as emendas propostas pelo movimento em favor da moradia popular, o MTST reivindica garantias para transformar os terrenos das ocupações Nova Palestina, Faixa de Gaza, Dona Deda e Capadócia, todas na zona sul de São Paulo, e da Copa do Povo, no extremo leste da cidade, em Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis), áreas de assentamento voltadas para famílias de baixa renda.
Como o impasse permanece, cerca de 400 famílias de sem-teto, de acordo com o MTST, ergueram barracas de lona na calçada e em uma pista inteira do Viaduto Jacareí para pressionar a votação. O movimento promete permanecer no local até a aprovação do projeto.
O presidente da Câmara Municipal, José Américo (PT), prometeu "esforço" para aprovar o Plano Diretor ainda nesta sexta-feira (27). Apesar da promessa inicial de que o projeto seria votado antes da Copa do Mundo, a oposição segue criando barreiras para a definição, o que pode levar a um novo adiamento.
"Em relação ao posicionamento da Câmara, ainda não temos garantia de nada", disse Rocha.